terça-feira, 11 de outubro de 2011

História da Tipografia




Assim como as roupas são reflexos de tendências e comportamentos de uma época, podemos dizer que a tipografia, desde a invenção da escrita cuneiforme pelos sumérios em 3150 a.C até a impressão de tipos móveis por Gutenberg em 1450, sempre acompanhou a urgência do homem como meio de diferentes expressões culturais e implementou as trocas comerciais. Como exemplo, pode-se afirmar que, a partir da Revolução Industrial, a tipografia passou a ter um foco mais comercial, que foi fundamental para o desenvolvimento da propaganda. Além disso, ao aliar estética e espírito crítico teve influência decisiva em movimentos artísticos como o Dadaísmo, Futurismo, Construtivismo e a Bauhaus. A partir da década de 70, com o advento do computador, iniciou-se outra revolução considerada chave para entender a sociedade de informação em que vivemos hoje: o processamento de informações por bits e o desenvolvimento do Desktop Publishing , inovações estas que são a base da tipologia digital da atualidade. 

2.Elementos da tipologia

Os elementos tipográficos podem ser divididos em:
- Linha de Base (baseline)
- Linha Central (meanline ou midline)
- Ascendente (ascender)
- Descendente (descender)
- Letra Caixa Alta (upper-case)
- Letra Caixa-baixa (lower-case)
- Altura de x (x-height)
- Cabeça ou Ápice (apex)
- Serifa (serif)
- Barriga ou Pança (bowl)
- Haste ou Fuste (stem)
- Montante ou Trave (diagonal stroke)
- Base ou Pé (foot)
- Barra (bar)
- Bojo (counter) 

3. Tipo metálico

O tipo metálico pode ser dividido nas seguintes partes:
- Olho
- Corpo
- Espessura
- Rebaixo do olho
- Guia
- Ponte ou Costela
- Cabeça
- Altura
- Ombro
- Alinhamento

4. Classificação dos tipos

A tendência tipológica é sempre a simplificação, buscando a maior legibilidade. O coerente espacejamento óptico também é muito importante para um visual agradável dos textos. Baseados em estudos feitos por Francis Thibedeau, em meados do século XVIII, na França, foi estabelecido as principais família de letras de imprensa. São elas:
- Romana antiga
Criada pelos franceses no século XVIII, inspirada na escrita monumental romana, proporciona ao leitor um inconsciente descanso visual, alcançando o maior grau de visibilidade de todas as famílias.
- Romana moderna
Criada pelos italianos no século XVIII, apresenta uma evolução dos romanos clássicos, Esteticamente agradáveis, trouxeram sensível melhora na legibilidade das letras.
- Egípcia ou Serifa Grossa
Criada com o advento da revolução industrial, no século XVIII, tem como característica estrutural uma certa uniformidade nas hastes e serifas retangulares.
- Lapidária ou Sem Serifa
Criada na Alemanha no século XIX, possui caracteres com poucas variações em suas hastes, cujos arremates não possuem serifas. Indicada para a confecção de hastes e embalagens, mas desaconselhável para textos longos.
- Cursiva
São as letras que não se encaixam em nenhuma das famílias já vistas. Elas têm hastes e serifas livres, o que as tornam as mais ilegíveis de todas, limitando seu uso a destaques, com número limitado de toques. 

5. Medidas tipográficas

Há dois sistemas básicos de medidas tipográficas utilizados no Brasil : o Didot e o anglo-americano.
O sistema Didot tem como unidades básicas o cícero e o ponto. Um cícero equivale a 12 pontos, que medem cerca de 4,512 milímetros. O sistema anglo-americano tem como sistemas a paica e o ponto. Uma paica equivale a 11,33 pontos do sistema Didot.
O sistema anglo-americano é muito utilizado nas máquinas de fotocomposição deorigem americana e o Didot usado na composição em linotipo. 

6. Espaçamento entre palavras

É feito mecanicamente, inserindo-se peças de metal entre as palavras, chamadas de espaços ou quadratins. Os espaços são mais baixos que a superfície impressora dos tipos, não entrando em contato direto com o papel e, portanto, não imprimindo. O quadratim está relacionados com o tamanho da letra M, que é o quadrado do corpo. Um espaçamento normal entre palavras tem1/3 do quadratim. 

7. Espaçamento entre letras

É feito com materiais muito finos. A maioria das fontes tem espaços de 1 ponto (feitos de bronze), que podem ser utilizados isoladamente ou em grupos. Há ainda espaços feitos de papel.
Em computação gráfica, pode se dar pelo tracking - espaçamento normal, entre as letras; ou pelo kerning - espaçamento entre combinações de letras, geralmente entre o i (a letra mais fina) e o M ( a mais grossa). 

8. Entrelinhamento (leading) 

Para variar o espaço entre as linhas colocam-se placas de metal de diferentes espessuras entre elas. As placas de metal - as entrelinhas -são medidas em pontos. As mais comuns têm de 1 a 4 pontos. As entrelinhas com 6pontos ou mais são chamadas lingotes e têm 6, 12, 24 e 36 pontos. As entrelinhase lingotes também são mais baixos que os tipos, não sendo imprimidos. Acomposição feita sem entrelinhamento é chamada composição cerrada ou cheia. 

9. Alinhamento

Há cinco maneiras básicas de organizar as linhas de composição em uma página :
1) Justificada : todas as linhas têm o mesmo comprimento e são alinhadas tanto à esquerda quanto à direita.
2) Não-justificada à direita : as linhas têm diferentes comprimentos e são todas alinhadas à esquerda e irregulares à direita.
3) Não-justificada à esquerda : as linhas têm diferentes comprimentos e são alinhadas à direita e irregulares à esquerda.
4) Centralizada : as linhas têm tamanho desigual, com ambos os lados irregulares.
5) Assimétrica : um arranjo sem padrão previsível na colocação das linhas. 

10. Legibilidade

Vários fatores influenciam na legibilidade de um determinado tipo, e desta forma em todo o texto.
-Espaçamento entre as letras e seus contornos internos (determinam a densidade de um tipo e da composição resultante).
- Contraste dos traços e suas formas
Todas essas características são fundamentais na escolha de uma certa fonte, isto é, o conjunto de tipos alfanuméricos com traços comuns em seus desenhos.
Há vários formatos comuns de tipo, e a principal classificação feita é pelo modelo de serifas usadas nas fontes. De maneira geral, as serifas, que são as curvas ou traços colocados nas extremidades de um caractere, facilitam a leitura, pois fazem o texto parecer contínuo aos olhos. Os tipos romanos, transformados em metal no século 14 por Adolph Rush e aperfeiçoados pelo francês Nicolas Jenson, caracterizam-se pelas serifas arredondadas e traços de espessuras diferentes. De leitura fácil, mesmo em corpos (ou tamanhos) pequenos- mas com relativamente baixo impacto visual - , tornaram-se um padrão tão forte desde sua invenção que hoje são dispensados apenas quando se pretende chamar a atenção em títulos, rótulos e congêneres. Os tipos egípcios, caracterizados pelas serifas quadradas, apresentam traços uniformes e, comumente, são monoespaçados. Um exemplo de fonte com essas características é a conhecida Courier, e também vários tipos usados em máquinas de escrever, como Delegate. Outro formato comum de tipos é o sem serifa, ou os tipos bastão, com traços também uniformes e, normalmente, retos e com espaços e tamanhos variáveis entre as letras. Um exemplo comum é a fonte Arial, e algumas variações como Helvetica.
Apresentam bom impacto visual, mas a leitura em corpos pequenos e caixa baixa pode ser prejudicada. São tipos adequados para títulos e placas, onde a composição é feita com corpos maiores e a leitura rápida é desejada.
As letras script, ou cursivas, imitam as letras manuscritas e podem ter vários formatos e formas - assim, a definição desses tipos é a mais genérica. As serifas são naturais e emendam as letras, umas nas outras, e os traços são bem contrastantes e diferentes. Podem formar belos efeitos visuais em decorações, mas é preciso usar corpos um pouco maiores para facilitar a leitura. Não são fontes que podem ser usadas em grandes blocos de texto, como esse, pois o efeito não é exatamente agradável. Existem ainda os tipos mistos, com desenho artístico, que podem ser usados apenas em mensagens rápidas, marcas, títulos e similares. Têm várias formas diferentes, e misturam características de outros tipos, com traços e pesos indefiníveis.
Outros critérios que influenciam na classificação e na escolha dos tipos para uma determinada composição são:
- a força dos traços e a posição
- inclinação das letras (redondo, negrito, fraco, itálico)
- largura dos caracteres (expandido, condensado, normal, estreito).
Fatores externos aos tipos em si também devem ser levados em conta na escolha das fontes, como a cor dos caracteres, a cor do papel ou do fundo - o que pode exigir tipos mais fortes ou com maior corpo -, e o tipo de impressão ou de suporte utilizado, que pode impedir o uso de corpos menores ou com traços fortes e próximos. 

11. Combinando tipos

Deve-se Ter em mente um princípio básico de design gráfico: não há certo e errado. O importante é comunicar - o que seu cliente quer. Alguns pontos devem ser evitados:
1. Não use mais de uma fonte do mesmo estilo (moderno, antigo, etc): Isso causa, ao leitor, a sensação de que o diagramador errou, porque ele vê a diferença mais não sabe onde a localizar.
2. Use e abuse de contraste:
O contraste pode se procesar pela diferença de tamanho, de cor, e de estilo de tipos. Por exemplo, você pode combinar uma fonte sem serifa com uma estilo antigo - serifada. Isso porque elas tem sua formação, seu design, contrastantes, e vão causar uma tensão visual - o que é positivo, porque posiciona o olho do leitor ao local desejado. 

12. O design

O maior de todos os objetivos do designer é o bom senso. Ele precisa comunicar algo a alguém, e tem que chamar a atenção. Sem prejuízo à visão. O nosso olho capta a letra de cima para baixo, então é bom Ter em mente que ao se trabalhar com tipos desconstruídos, tenha a parte superior conservada intacta, e com serifa, que facilita a leitura.
Alguns passos São abordados na construção de uma página:
1. Contraste - seja completamente antagônico. Se for para contrastar, contraste. Não tenha medo de ousar. Caso contrário, você incorrerá no erro de parecer que se equivocou, e trocou de fonte sem querer.
2. Repetição - é o que cria uma identidade visual com o leitor, estabelecendo uma hierarquia.
3. Alinhamento - evite centralizar (porque é muito formal); e justificar (cria os rios ( vire o texto de cabeça para baixo, e veja o grande espaço entre palavras e letras e, de repente, um grande amontoado.
4. Proximidade - coloque temas parecidos, e que tenham haver, no mesmo bloco da página.
Seguindo essas regras, você deu os primeiros passos no design gráfico. Mas não se esqueça da lição que David Carson nos dá, sobre o desconstrutivismo - a ausência de espaço negativo ( o fundo da letra, da página, onde não há imagem/tipo): ouse. Estabeleça critérios, e os siga. Mas dentro de uma ordem. Você pode comunicar sem legibilidade, com textura de letras. Mas precisa de um porquê. Boa sorte! E leia. Leia sempre, para aperfeiçoar conhecimentos! 


Alguns sites sobre tipografia: 

- www.adobe.com
- www.fontsite.com
- www.will-harris.com/type.htm


Texto: Fabrício Rocha, João Carlos Amador Júnior, Larissa Jansen e Rafael

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